A China virou notícia recentemente ao afirmar que irá proteger a privacidade dos usuários da sua primeira criptomoeda, a yuan digital, acalmando assim os ânimos dos críticos que demonstravam grande preocupação com o tema no país.
O diretor-geral do Instituto de Pesquisa de Moedas Digitais do Banco Popular da China (PBoC), Mu Changchun, reforçou o compromisso firmado pelo governo de proteger a privacidade dos usuários da criptomoeda, após o país ter enfrentado um longo debate que fora intensificado pelos escândalos de privacidade envolvendo seus cidadãos.
De acordo com Mu, nem o PBOC, nem as plataformas que convertem e operam moedas digitais terão acesso às informações envolvendo as negociações. E as autoridades que tenham a necessidade de investigar deverão solicitar uma autorização para fazê-lo.
Criptomoeda chinesa promete nível máximo de proteção à privacidade
Ainda de acordo com Mu, a yuan digital possui o mais alto nível de proteção relacionado à privacidade entre todas as plataformas existentes, porém atentando para o fato de que, a despeito de seu nível de privacidade, a moeda não deve ser tão anônima ao ponto de favorecer a lavagem de dinheiro.
Outros pontos importantes no discurso de Mu foram:
- O mecanismo que irá isolar e restringir o acesso deve ser criado de modo a proteger os dados do usuário, e além disso os operadores responsáveis por estes dados devem criar um sistema que possa garantir essa proteção.
- Autoridades precisarão de autorização para examinar ou congelar as wallets dos clientes para investigação;
- Os agentes reguladores podem penalizar o uso indevido de dados pessoais;
- A China pode implementar regulamentos para combater a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo a partir do uso da yuan digital.
Mu disse ao Securities Times em um fórum que: “Por outro lado, também previne e combate atividades ilegais, incluindo lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e evasão fiscal, mantendo a necessidade de segurança financeira”.
O yuan digital passou por inúmeros estágios de testes em cidades chinesas distintas, testes estes feitos principalmente durante as Olimpíadas de Inverno e foram através destes testes – que incluíram esquemas pilotos e também a implantação nos setores de transporte -, que foi constatado que a CBDC poderia operar nos mesmos moldes das notas e moedas tradicionais.
“As notas e moedas podem comprar ouro e converter moeda estrangeira, assim como o e-CNY”, afirmou Mu.
EUA foram contra o uso da yuan digital no país
Nos Estados Unidos, três senadores apresentaram uma proposta que visava proibir o uso do yuan digital em lojas de aplicativos nos ciberespaços do país alegando que o Partido Comunista Chinês poderia se utilizar da sua criptomoeda para espionar seus usuários.
Na 5ª Cúpula da China Digital em Fuzhou, que fora realizada recentemente, uma série de produtos feitos sob medida para a utilização da yuan digital foram reveladas, como um novo aplicativo móvel para o CBD, apresentado pelo China Construction Bank (CCB), que consiste em uma carteira digital tangível de yuans além de também um cartão com chip para os clientes.
Até o momento, cerca de 37 alianças foram formadas de modo a promover o uso da yuan digital, incluindo o Banco Agrícola da China que firmou parcerias de supermercados com essa finalidade.
O que é o yuan digital?
O yuan digital é a criptomoeda do Banco Popular Chinês, tornando a China a primeira grande potência a lançar uma criptomoeda governamental para transações financeiras em seu território, favorecendo o governo chinês na tarefa de monitorar a economia e sua população e ainda ter o benefício do dinheiro não estar vinculado ao sistema financeiro hoje dominado pelo dólar.
A China busca assim aquecer o consumo no país, muito receoso ainda pelos efeitos de desaceleração da pandemia.
Após a proibição do uso do Bitcoin pelo governo chinês, a yuan digital entra como alternativa para a população, diversificando o sistema de pagamentos chinês e atendendo a demanda do público mais jovem.