O agronegócio está mais digital do que nunca. Máquinas com IA embarcada, drones, sensores e softwares avançados transformaram a forma como o campo opera, coletando uma grande quantidade de dados para aumentar a produtividade e a eficiência.
Além dos dados agronômicos, como solo, produtividade e clima, esses equipamentos também armazenam informações sobre quem os opera. Tempo de uso, desempenho, hábitos de operação e até geolocalização são alguns dos dados coletados. E aqui está um ponto fundamental: essas informações podem tornar o operador identificado ou identificável. Isso significa que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) se aplica diretamente a essas informações.

O Perigo dos Dados em Mãos Erradas
Os dados operacionais não são apenas registros técnicos. Eles podem conter informações estratégicas sobre produtividade, logística e até mesmo sobre a identidade de trabalhadores. Caso essas informações caiam em mãos erradas, os prejuízos podem ser enormes e de difícil reparação.
Ataques cibernéticos direcionados ao agro já são uma realidade. Em 2023, 10% dos ataques de ransomware no Brasil foram direcionados ao setor. O caso da JBS, que em 2021 precisou pagar um resgate de US$ 11 milhões após um ataque cibernético que interrompeu suas operações, demonstra a gravidade do problema. Além disso, dispositivos conectados já foram alvo de ataques de negação de serviço (DDoS), paralisando equipamentos essenciais no campo e impactando diretamente a produção.
Se as empresas do agronegócio não adotarem medidas eficazes para a proteção desses dados, não apenas os operadores e as informações estarão em risco, mas também a viabilidade econômica do setor como um todo.
A Proteção de Dados como Pilar para a Sustentabilidade e Competitividade
Para evitar riscos e garantir a conformidade com a LGPD, as empresas do agronegócio precisam implementar um programa de governança em privacidade e proteção de dados, conforme previsto no Art. 50 da lei. Esse programa deve incluir elementos essenciais como:
✅ Orçamento: Planejamento financeiro para suportar as atividades relacionadas à proteção de dados e privacidade.
✅ Organograma: Definição clara de papéis e responsabilidades. É essencial saber quem lidera, quem coordena e quem executa os processos dentro do programa.
✅ Mapeamento e classificação dos dados: Identificar quais dados são coletados, como são armazenados, por quanto tempo e qual sua finalidade específica.
✅ Definição de políticas e processos: Criar regras claras para o tratamento correto dos dados e garantir a conformidade regulatória.
✅ Adoção de frameworks reconhecidos, como ISO 27001 e NIST, garantindo que a segurança da informação siga padrões globais.
✅ Monitoramento contínuo e auditorias regulares, prevenindo vulnerabilidades e detectando ameaças antes que se tornem um problema maior.
✅ Capacitação dos colaboradores, ensinando boas práticas para evitar incidentes de segurança, como ataques de phishing e vazamento acidental de dados.
A governança não se trata apenas de conformidade regulatória, mas sim de uma decisão estratégica para manter a empresa segura e competitiva. A proteção de dados não se limita à LGPD. Ela une jurídico, tecnologia e processos, criando controles robustos que protegem informações, fortalecem os processos internos e garantem uma operação mais segura e eficiente.
Empresas que demonstram boas práticas em proteção e segurança de informações conseguem condições financeiras mais vantajosas, o que pode ser um diferencial crucial no mercado atual. Bancos e instituições financeiras já avaliam a maturidade e a governança de dados antes de liberar crédito para empresas do agronegócio.
Além disso, no mercado internacional, empresas que garantem boas práticas de governança abrem portas para novos negócios, conquistando clientes e parceiros que exigem padrões elevados de proteção e transparência no uso de informações.
O Futuro do Agro Está na Proteção de Dados
No agronegócio, os dados são tão valiosos quanto a terra em que se planta. Empresas que negligenciam a segurança da informação e a proteção dos dados não apenas se expõem a riscos legais e financeiros, mas também perdem oportunidades de crescimento e competitividade em um setor cada vez mais conectado.
Investir em proteção de dados não é um custo, mas sim um investimento estratégico para garantir segurança, credibilidade e sustentabilidade em um setor que depende de tecnologia para continuar crescendo.
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